terça-feira, 26 de julho de 2016

Dia dos Avós

Outro dia eu era uma criança que tinha vozinho e vozinha. Isso significava bisavô e bisavó. Mas o tempo passa e a família que para mim era tão grande de não caber nos dedos das mãos e dos pés, foi diminuindo rápido demais.
Boa parte da minha referência familiar se foi, e olha, entendo que isso é natural, porque ninguém é eterno, mas eu já nem tinha conhecido meus avós por parte de pai, e isso é bem estranho.
Como eles eram? Dizem que eu me pareço muito com a mãe do meu pai e pela foto, nem acho. Mas uma única foto não conta.
Não sei como meu pai era quando criança, bagunceiro? Gostava de ler? Ou como seria a risada do meu vô, ele era bravo? Qual o dia do aniversário da minha vó. Será que ela cozinhava bem? O que eles teriam me ensinado?

Por outro lado

Sejamos justos. Tive uma infância muito rica de lembranças de avós na família da minha mãe. Lembro de passear com meu bisavô nas ruas de Aparecida, ele já de bengala. E da minha bisavó separar retalhos para eu costurar roupinha de boneca - ela fazia colchas de retalho, que eu ainda tenho. Meu vô me levava para andar de bicicleta e fazia o melhor café.
Minha avó, o que falar da minha vó? Era tanta coisa, tanto tempo conversando, tanta paciência com cada flor que eu quebrei, cada coisa que eu tirei do lugar. E dizem que ela nunca foi assim. Pra mim era mentira.

Ai que hoje é dia dos avós e eu não tenho sequer um. E é difícil lidar com isso. Tá certo que faz tempo que minha vó estava enclausurada no Alzheimer, mas é estranho mesmo assim.

E tem mais

Tenho saudades todos os dias de muitas pessoas queridas além dos meus avós (os que conheci e os que não conheci), mas olha, sei que elas estão por aí, em algum lugar do universo. 
A vida não para. As pessoas vão embora mesmo, porque cada um tem seu tempo. E não maldade, não é uma coisa ruim. Mas dói. Então trate de fazer valer a pena enquanto pode.