quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Clichês

Colocar uma música e começar a viajar. E, quem sabe, não voltar. Quando a realidade está tão merda que só a música faz sentido, mesmo que ela não seja exatamente alegre, se torna trilha. Sabe, o clichê tá ali, batendo à porta. 

A psicologia trabalha com arquétipos, a astrologia trabalha com signos e esses também não deixam de ser arquétipos, todas as formas de classificar e tentar entender as pessoas são arquétipos e no final do processo todo é separar em categorias e conceitos, dizer quem é o que e dizer a qual tipo de clichê você pertence. Nem que seja o clichê rebelde.

Eu me nego a aceitar. Recuso o padrão, sempre recusei. Porque eu gosto de matemática e gosto de moda. Gosto de política e de filme de herói, sou mulherzinha sem muita paciência para draminha de fazer chorar, mas comédia romântica eu gosto e se for um drama bem feito, ok, trabalhamos.

O clichê tá aqui me chamando a desempenhar papéis que eu nem sei se fazem sentido, porque né? Eu não concordo com essa insatisfação constante de reclamar de tudo o tempo todo, porque se não tá bom pra mim sou eu quem tenho que mudar. Mas ao mesmo tempo, eu sinto que sou um tanto robótica. Está bom pra mim? Saberia eu responder isso? Escuto tanta reclamação que eu não sei dizer se alguma delas seria minha, será que é? Porque se eu não reclamar de alguma coisa, alguma que seja, logo sou acomodada e isso eu não posso ser mesma. 

Mas aí vem, não acho que eu seja acomodada, porque o que me incomoda eu vou mudando. Porque se eu não mudo, eu adoeço e sou obrigada a mudar a força. E preciso mesmo trabalhar isso, não posso ficar doente tão fácil assim. Então tenho preferido mudar, ou falar que é quase o mesmo de mudar, porque mudam os outros ou mudo eu, alguma coisa tem que mudar.

É isso aí, inferno astral, pegar ou largar?

terça-feira, 26 de julho de 2016

Dia dos Avós

Outro dia eu era uma criança que tinha vozinho e vozinha. Isso significava bisavô e bisavó. Mas o tempo passa e a família que para mim era tão grande de não caber nos dedos das mãos e dos pés, foi diminuindo rápido demais.
Boa parte da minha referência familiar se foi, e olha, entendo que isso é natural, porque ninguém é eterno, mas eu já nem tinha conhecido meus avós por parte de pai, e isso é bem estranho.
Como eles eram? Dizem que eu me pareço muito com a mãe do meu pai e pela foto, nem acho. Mas uma única foto não conta.
Não sei como meu pai era quando criança, bagunceiro? Gostava de ler? Ou como seria a risada do meu vô, ele era bravo? Qual o dia do aniversário da minha vó. Será que ela cozinhava bem? O que eles teriam me ensinado?

Por outro lado

Sejamos justos. Tive uma infância muito rica de lembranças de avós na família da minha mãe. Lembro de passear com meu bisavô nas ruas de Aparecida, ele já de bengala. E da minha bisavó separar retalhos para eu costurar roupinha de boneca - ela fazia colchas de retalho, que eu ainda tenho. Meu vô me levava para andar de bicicleta e fazia o melhor café.
Minha avó, o que falar da minha vó? Era tanta coisa, tanto tempo conversando, tanta paciência com cada flor que eu quebrei, cada coisa que eu tirei do lugar. E dizem que ela nunca foi assim. Pra mim era mentira.

Ai que hoje é dia dos avós e eu não tenho sequer um. E é difícil lidar com isso. Tá certo que faz tempo que minha vó estava enclausurada no Alzheimer, mas é estranho mesmo assim.

E tem mais

Tenho saudades todos os dias de muitas pessoas queridas além dos meus avós (os que conheci e os que não conheci), mas olha, sei que elas estão por aí, em algum lugar do universo. 
A vida não para. As pessoas vão embora mesmo, porque cada um tem seu tempo. E não maldade, não é uma coisa ruim. Mas dói. Então trate de fazer valer a pena enquanto pode.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Obrigada por tudo!

Vamos dizer que agora os sentimentos são conflituosos, afinal de certa forma você acabou de dizer "Deus te abençoe" pela última vez. Mas na verdade você vinha se despedindo há algum tempo. Quanto tempo mesmo? 10 anos? 15 anos? Um pouco por dia até que você praticamente já nem estava exatamente aqui.

A verdade é que eu já estou com saudades faz um tempo e hoje você estava mais parecida com a vó que eu me lembrava. Que meus diziam parecer a vó do pão de queijo, porque era fofinha.

Eu tenho muitas lembranças da gente. De eu bagunçar suas coisas, estragar as plantas, falar sem parar e você ter muita paciência. Lembro de bolo de laranja, meu preferido até hoje, e doce de leite, que você escondia e eu achava.

Lembro das vezes que eu caia na escola e ia pra sua casa, e você me ajudava a arrumar as coisas antes da minha mãe chegar. Não sei se depois você contava pra ela. Eu tinha certeza que podia confiar.

Foi muito difícil ver você ficar doente e também foi muito difícil me despedir ontem. Obrigada, vó, você foi a melhor.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Prêt-à-Porter

Eu nem ia falar nada, mas como ninguém tocou no assunto eu achei necessário. Céline. Marca importante e tal. Apresentou uma coleção de destaque, com seus vestidos camisola, delicados, femininos, com a assinatura da marca e da estilista, que coisa, e ao mesmo tempo que trazem a coisa toda da contemporaneidade 'mamilos livres'. Que não sabemos se é intencional, mas quem se importa? Pois é. Paris Fashion Week, a semana da moda que realmente interessa no final das contas e o vestido está com marca de dobrado na altura da barriga (tem que clicar na imagem pra ver a foto grande e conseguir perceber o que estou falando).

 

Vou querer o que também? Isso nem é alta costura...

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Sente isso

Antes de abrir os olhos, a dor. Essa velha conhecida, que às vezes passa uma longa temporada ausente, vem fazer uma visita. Ela está ali, alojada na cabeça. Pulsante.



Um comprimido. Sequência de alongamento. Café. Água com gengibre. Cancela o compromisso da manhã, a dor está mais forte. Melhor não ir na academia, o exercício puxado vai fazer a dor piorar. Vamos beber bastante água. Outro comprimido. Uma caminhada leve pode ajudar. Mais cafeína? Cafeína faz bem? Faz mal? Fal mal, mas faz bem. Outra sequência de alongamento. Relaxante muscular. Deita um pouco.

O dia vai passando. A dor não. E eu que estava tão feliz porque ela, afinal, estava ausente.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Ponto de fuga

Sabe aquele dia em que você queria apenas ser Alice e achar a portinha pela qual você iria conseguir sair para um mundo mágico em outra dimensão onde nada disso tem importância?



Pois é, tenho passado muito tempo nessas divagações enquanto tento criar minha nova realidade e a verdade é que muito se perde e muito se constrói nesse processo. Nem me preocupo em parecer muito normal, porque isso não faz parte da minha natureza, apesar de no fundo saber que sou bem parecida com a maioria das pessoinhas por aí.

Caminho

Já costurei blusas lindas e vestidos desatrosos na tentativa de fazer esta fase se construtiva. Já comecei histórias que foram largadas no primeiro parágrafo porque sim. Alguns pratos ficaram deliciosos enquanto outros, mesmo seguindo a receita à risca, ficaram péssimos. Mas acho que a receita não era boa mesmo.

Tenho me escondido nas atividades. Tenho me mostrado nas atividades. Fugindo e exibindo o nervo, como sempre. Mas o como sempre não funciona mais. E agora? Como mudar? O que mudar? Pra onde mudar?

domingo, 27 de setembro de 2015

Branco

Tenho cabelo branco desde muito nova, acho que desde os 18 anos. Aos 24, 25 anos comecei a pintar a sério. Hoje mais de 50% dos meus cabelos são brancos. Diz que é genético. Meu pai tem muito, minha mãe tem muito. Eu tenho a lot.

Branco, cinza, algodão doce

Você pode pensar que eu estou aproveitando a onda dos cabelos de algodão doce, mas veja bem que não sou mais adolescente. Os cabelos cinza mesmo, estão na moda? Sim, e a gente vê essas fotos lindas dessas mulheres chiques e superproduzidas, mas vamos ser realistas, eu não sou essa pessoa montada. Não hoje.



Esse nem é o problema

O problema é que anos de tinta 4.0 não saem fácil. Quem tem cabelo naturalmente escuro e escolhe pintar em vez do caminho das luzes, escolhe um certo engessamento no cabelo escuro.


Vantagens e desvantagens

Veja bem. Com tudo isso, já usei luzes algumas vezes, o cabelo estraga um pouco, melhora depois. Tudo depende do profissional que faz as coisas. A verdade é que não pretendo abrir mão da tinta por enquanto. Por mais libertador que deva ser não pensar em pintar, não estou preparada para isso.