Uma das temáticas mais constantes ultimamente entre minhas amigas é a tal da maternidade. As que têm filhos, as que querem ter logo, as que têm medo e sofrem pressão. Eu confesso que minha tendência é adiar a história toda porque eu nunca sonhei em ser mãe e essas coisas. Não tenho nenhum problema com crianças, acho que elas são lindas, fofas e tudo o mais. Tenho jeito pra pegar bebezinhos recém-nascido e tudo. Mas não tenho vontade. e como o maridão também não tá com pressa, a vida continua sem babys.
Mas tenho amigas que já têm seu(s) filho(s). E é sobre elas(pode ser você?) que quero escrever hoje.
Como pessoa que vê as coisas do lado de fora, eu comecei a perceber alguns padrões. Saber a cotação do pacote de fraldas descartáveis, ter galões e galões de álcool antiséptico, andar com uma fralda ou toalhinha sobre os ombros e outras semelhantes que são consequências imediatas e práticas da maternidade. Mas tem uma que me assusta muito: a perda de identidade.
A perda da identidade é um fenômeno que dá um certo medo (em mim). Acho que os pais são programados biologicamente para acharem que seu bebê é o mais lindo ever, e parte do meu defeito de fábrica é não achar que todos os bebês do mundo são automaticamente lindos. Até aí, tudo bem.
Nunca fui mãe, posso ser atingida por esse fenômeno e ficar forçando o mundo a concordar que nunca viram uma criança tão maravilhosa. Pode acontecer e isso não é o que me preocupa. O que me preocupa realmente é a mãe se tornar a criança. Pode ser outro processo biológico, mas caramba. Você é você e seu filho é outra pessoa. A foto na rede social deve ser sua. Quando você for falar alguma coisa pra alguém, fale por você. Nada de nós queremos, nós desejamos. A criança não vai desejar felicidades no casamento pra ninguém, ela ainda nem sabe o que é casamento.
Sim, eu sou exagerada. E sim, falo isso sem ter tido filho e sem poder afirmar que nunca serei acometida dessa falta de tino.
Ah, esse fenômeno todo não é visto só com pais e mães de bebês humanos. Alguns amigos têm o mesmo comportamento em relação a seus animais de estimação. Outros a sobrinhos e afilhados. Outros a suas fotos no Instagram.
Confesso que conheço mães maravilhosas que falam dos filhotes maravilhosos na medida exata, sem exagerar na pieguice, sem declamar por horas sobre como é lindo o cocô cor de chocolate dele. E são elas que marcam o contraponto pra eu achar que as outras estão ligeiramente (ou totalmente) fora de si.