quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Identidade

Uma das temáticas mais constantes ultimamente entre minhas amigas é a tal da maternidade. As que têm filhos, as que querem ter logo, as que têm medo e sofrem pressão. Eu confesso que minha tendência é adiar a história toda porque eu nunca sonhei em ser mãe e essas coisas. Não tenho nenhum problema com crianças, acho que elas são lindas, fofas e tudo o mais. Tenho jeito pra pegar bebezinhos recém-nascido e tudo. Mas não tenho vontade. e como o maridão também não tá com pressa, a vida continua sem babys.

Mas tenho amigas que já têm seu(s) filho(s). E é sobre elas(pode ser você?) que quero escrever hoje.

Como pessoa que vê as coisas do lado de fora, eu comecei a perceber alguns padrões. Saber a cotação do pacote de fraldas descartáveis, ter galões e galões de álcool antiséptico, andar com uma fralda ou toalhinha sobre os ombros e outras semelhantes que são consequências imediatas e práticas da maternidade. Mas tem uma que me assusta muito: a perda de identidade.

A perda da identidade é um fenômeno que dá um certo medo (em mim). Acho que os pais são programados biologicamente para acharem que seu bebê é o mais lindo ever, e parte do meu defeito de fábrica é não achar que todos os bebês do mundo são automaticamente lindos. Até aí, tudo bem.

Nunca fui mãe, posso ser atingida por esse fenômeno e ficar forçando o mundo a concordar que nunca viram uma criança tão maravilhosa. Pode acontecer e isso não é o que me preocupa. O que me preocupa realmente é a mãe se tornar a criança. Pode ser outro processo biológico, mas caramba. Você é você e seu filho é outra pessoa. A foto na rede social deve ser sua. Quando você for falar alguma coisa pra alguém, fale por você. Nada de nós queremos, nós desejamos. A criança não vai desejar felicidades no casamento pra ninguém, ela ainda nem sabe o que é casamento.

Sim, eu sou exagerada. E sim, falo isso sem ter tido filho e sem poder afirmar que nunca serei acometida dessa falta de tino.

Ah, esse fenômeno todo não é visto só com pais e mães de bebês humanos. Alguns amigos têm o mesmo comportamento em relação a  seus animais de estimação. Outros a sobrinhos e afilhados. Outros a suas fotos no Instagram.

Confesso que conheço mães maravilhosas que falam dos filhotes maravilhosos na medida exata, sem exagerar na pieguice, sem declamar por horas sobre como é lindo o cocô cor de chocolate dele. E são elas que marcam o contraponto pra eu achar que as outras estão ligeiramente (ou totalmente) fora de si.

2 comentários:

Émie disse...

Espero, sinceramente, estar enquadrada entre as mães do último parágrafo, afinal, luto todos os dias pela independência do meu filho e a separação da Camila mãe para Camila mulher!!!

Gabi disse...

Tenho certeza que você está entre as mães maravilhosas. Quando falo das que perdem identidade, não sobra espaço pra dúvida. Elas simplesmente deixam de existir. Bjs.