quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Cada povo tem o governante que merece

Garantindo votos a partir da popularidade do Lula, da máquina do Estado e da grande distribuição de renda, ou esmola dependendo do ponto de vista, Dilma se elegeu.
Confesso que não votei nela, porque principalmente para presidente, eu ainda prefiro votar em pessoas com experiência. Porque o Palocci era o coordenador da campanha. Porque não gosto do sentimento de máfia que o PT passa. Mas isso é opinião e cada um tem a sua. Proposta de governo não é opinião, e eu acho que o assistencialismo que vem do governo Lula é falho a longo prazo. A dúvida é a clássica, até quando os brasileiros vão precisar do bolsa-família? O problema não é isso existir, é isso existir sozinho, sem incentivo à volta ao mercado de trabalho e geração de renda.
Confesso que se fosse só pelo marketing, tinha votado nela. As propagandas estavam lindas, bem produzidas, modernas. Quer dizer, nem tudo era ótimo, porque o discurso às vezes era bem fraco, mas isso é uma questão de público-alvo e sei que eu não era público-alvo deles.
Mas as últimas semanas foram infernais. Petistas e Tucanos se atacando, às vezes através de mídias pretensamente imparciais, como se fossem 2 torcidas organizadas. Pensei que ia parar com o resultado, mas quem ganha sempre quer espezinhar um pouco mais e quem perde começa a jogar praga, deprimente. Muitos amigos entraram nesta onda, defendendo e atacando, Dilma ou Serra, com uns argumentos xenófobos, retrógrados, bizarros.
No final das contas estaremos todos sob a tutela do mesmo presidente, da mesma presidente. E não só. No primeiro turno votamos em deputados, senadores e governadores que influem mais na coisa toda do que a gente tende a perceber. Quanta gente votou ao acaso, alegando protesto. Quanta gente votou no número do papelzinho que entregaram no meio do caminho para a votação. Quanta gente já se esqueceu em quem votou?
Dilma pode ou não roubar, mas na sinceridade, a preocupação quanto a isso tinha que ser muito maior na hora de escolher deputado e senador. O volume grande de roubalheira tá ali. Quem espera uma revolução deveria entender que se isso não interessa à elite, não vai acontecer. Quem é fatalista e espera que o Brasil se acabe antes do final de janeiro de 2011, não é assim que funciona. Ninguém governa sozinho e mesmo que a ideia seja roubar, o lucro é maior se a economia estiver bem. E isso não ia mudar se o resultado da eleição fosse outro.

Na sinceridade, espero ser surpreendida. Tem tanta coisa que precisa mudar. Adoraria ter a grata surpresa de ver as coisas mudando. Salários mais altos, serviços públicos funcionando, violência diminuindo, impostos fazendo sentido. Mas isso é coisa pra voltar a pensar daqui um, dois anos.

Um comentário:

Émie disse...

Gabs, querida... Eu também votei no Serra e concordo com cada vírgula que você escreveu. Também espero ser surpreendida e que o povo brasileiro deixe o wannabe europeu de lado. Acho que o que o Molusco tentou fazer ao criar as milhares de bolsas foi um estado de bem estar social comparado ao europeu. Só que brasileiro não tem a cultura européia. Brasileiro dá jeitinho, atrasa, é desrespeitoso. Nem todos, claro. Não tô fodendo meus conterrâneos, mas a gente sabe que tem muito malandro espalhado por aí. Em suma, acho que o povo deveria dar o exemplo e parar de escorar no governo. Que a bolsa seja um auxílio e não um meio de vida. Sei lá... Baixou a indignação aqui agora... beijo.