quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Quando o dia é um sono só.

A luz se apaga e o cansaço não cede espaço ao sono. As perguntas bloqueiam a via.

- Vou viajar pra Paris?
- Acredito ou não no que me falam?
- Aceito a vida como ela é?

A cabeça lateja, enquanto os olhos lacrimejantes não sossegam. Está tudo escuro, mas é possível ver as nuances de sombra e luz. Estou cansada até para sentir o medo do escuro, até para ver formas nas sombras. Sem perceber, adormeço. Para logo em seguida ser acordada por um barulho, um ruído, uma reclamação que vem da rua.

A cada quase sono, após um quase sonho, retorno sem lembrar exatamente o que me perturbava para em segundos recuperar a ruga de preocupação. Não dormi o suficiente, não relaxei tudo o que precisava, não processei toda aquela informação. Fico ansiosa por não estar dormindo e isso torna o sono um objetivo distante. O despertador toca.

Dormi alguma coisa e hoje levanto mais cedo. Em uma hora dentro do ônibus, tiro um cochilo rápido de 15 minutos, se tanto. Logo eu, que durmo em instantes sentanda num banco duro do trem lotado, não consigo relaxar e dormir direito no banco macio e quase deitado do ônibus executivo. Será que é talento ou treino?

Em um instante o motivo pra eu estar tão cedo ali não existe mais. Um dia terei que voltar. Outra noite mal dormida me espera no futuro. Vou chegar mais cedo no trabalho.

A falta de um descanso de verdade somada ao estresse acumulado quase me derruba. Em cima do salto, ando no automático. Almoço um sushizinho classe média, pulo o café e ele me faz falta. Penso se não é o caso de maneirar na cafeína, dizem que o excesso pode dar taquicardia. Será que uma pessoa se arrastando pode ter taquicardia? Na dúvida, vou buscar uma xícara na cozinha.

Enquanto o cheiro do café sobe, penso nas coisas a resolver. As perguntas que bloquearam o sono ainda não foram respondidas e neste momento duvido se um dia serão. Estou com preguiça de pensar nelas e elas dão lugar a questões mais simples, sobre pintar os cabelos brancos, fazer as unhas, marcar a depilação pra essa semana ou pra outra. Estas também ficam sem resposta. A pergunta da janta, que é frequente, já está respondida desde ontem: comprar pão e comer com o resto da carne que está ótima. De repente, parece uma grande vitória não ter que pensar no que vou jantar.

Parece cansaço, mas é algo maior. É tipo uma solidão que cresce de dentro, com a certeza de que tem coisa que ninguém pode fazer por você. Ainda tem muito dia pela frente, o trabalho não espera. Mais um café e vamos voltar a funcionar.

Um comentário:

Émie disse...

Amiga, na falta de sono, Lexapro e Rivotril. Tô chegando a SP. Beijo.