Eu tenho que assumir que tenho birra de muitos fãs de Clarice Lispector. Assim como tenho birra de muitos fãs de muitas coisas. Por que muitas vezes não vejo um sentimento sincero, vejo só a vontade de parecer cult, de parecer inteligente. Bater no peito pra falar que é fã sem ler atentamente os livro e entender o que está de fato escrito. Há uns dois anos teve uma grande onda em que as moças para parecerem finas e educadas diziam que estavam em uma fase Clarice Lispector. Antes fosse verdade. Mas isso tudo, esta raiva contida e agora explicitada só pra eu poder dizer que agora eu entendo porque tanta gente quer se vincular à imagem da escritora. Para parecer que se é tão intensa quanto, para poder imaginar que sua vida é mais que uma coisa comum. Ou para fazer bonito em uma entrevista. Já foi assim com Bukowski.
Claro que fui vítima do meu preconceito. Nesta coisa de não querer ser mais um a falar que estava encantado pela obra da autora, não li mais que o obrigatório A hora da estrela. Li na escola, por causa do vestibular e passei muito tempo com medo de virar Macabeia. Ainda tenho medo da desesperança da personagem.
Se ainda vou ler outras obras? Sim, agora é inevitável. Me sinto na obrigação de ler pra entender melhor tudo o que vi na peça. E segundo a atriz em um discurso final, já despida da personagem após os muitos e merecidos aplausos, esta é uma das intenções da peça. Fazer que as pessoas leiam mais Clarice Lispector. Pelo jeito, deu certo.
Simplesmente Eu, Clarice Lispector - CCBB. Rua Álvares Penteado, 112. Tel.: 3113-3651.
6ª e sáb., 19h30; dom., 18 h. Até 20/6. R$ 15
Nenhum comentário:
Postar um comentário