sábado, 27 de março de 2010

É tudo verdade.

Imagina-se que uma pessoa que estuda comunicação, em particular publicidade aprenda a não cair nas armadilhas que as empresas criam para vender mais. Espera-se que estas pessoas sejam mais fiéis a seus produtos preferidos e não se deixem levar por uma embalagem brilhante. Besteira grande.
Assumo. Eu compro por impulso quando vejo uma embalagem nova, mais bonita, que agrade meu senso estético. Eu assisto uma propaganda bem feita e depois fico com vontade de experimentar o novo sabão em pó, o novo chocolate, o novo batom ou a camiseta feita com um tecido que tem sei lá qual vantagem. Eu acredito em marketing, em propaganda e em encantamento, porque é isso que as marcas precisam fazer todos os dias: encantar pessoas para que elas queiram sentir a emoção de testar algo novo, de viver algo novo.
Com a moda é a mesma coisa. Eu quero roupas novas que me ajudem a construir uma imagem nova de mim mesma, mesmo que isso seja apenas mais do mesmo. Eu quero a sensação de vestir uma calça jeans que me traga a rebeldia hippie, e também quero a sensação de subir em saltos e ver o mundo por outro ângulo. É tudo ilusão, é tudo tão real. Às vezes penso se esta minha pseudo-esquizofrenia imaginária não poderia ser melhor trabalhada. Com arte, com literatura, com terapia. Deve haver alguma utilidade para tantos devaneios românticos, mesmo que eles sejam sobre embalagens de esmaltes. Por um lado, assumo que faço um pré-julgamento dos livros pela capa. Sim, parece fútil, mas aí eu me escondo em Oscar Wilde e digo que faço isso para não parecer tola.Por outro, perco um bocado de tempo tentando achar sentido onde muita gente vê apenas diversão. Procurar sentido em tudo tira uma parte da graça da vida. É tão mais fácil você simplesmente se divertir. Procurar sentido torna a vida um tanto melancólica, mas às vezes a gente encontra o tal do sentido e neste momento, diversão é coisa pouca.
Ainda assim, com tantas dúvidas e nenhuma resposta acho que não poderia haver outro caminho para mim que não a publicidade. Por me deixar ser fútil e pensar em questões filosóficas. Parece que este é, de fato, o meu caminho.

Um comentário:

Émie disse...

É muito bom quando a gente acha um buraquinho para colocar todas as nossas loucuras que nos fazem ser perfeitamente normais.