domingo, 23 de maio de 2010

Ficar relembrando.

Durante algum tempo eu achei que era uma garota saudosista. Talvez porque durante algum tempo eu tenha realmente sido. Mas depois percebi que o agora também é bom e que não se pode viver na adolescência para sempre, e que afinal, junto com as muitas coisas legais de se ter 16 anos também tinham várias coisas péssimas de se ter 16 anos e segui em frente. Claro que sinto falta do meu metabolismo super-rápido, que me permitia emagrecer 5Kg por semana e do meu fôlego para correr e nadar, mas sério, minha pele era horrorosa de tanta espinha e meu cabelo também não colaborava. Minha família passava por momentos bem difíceis e eu não tinha dinheiro pra nada. Então foi uma época ótima, mas hoje eu tenho tantas outras coisas legais que abandonei o costume de ficar pensando naquilo tudo.
Estou escrevendo isso porque tenho percebido que muita gente que eu conheço não consegue se livrar do que já foi. Seja porque fica repetindo as mesmas histórias, seja porque fala que hoje em dias as coisas não são tão boas. E não falo só de gente nova ou gente velha. Falo de gente no geral. Que está tão apegada a detalhes e momentos específicos que esquece do que foi ruim e não tem olhos pra ver o que é bom hoje.
Gente que não consegue ficar feliz porque acha que o bom mesmo está lá há 10, 30 ou 50 anos no passado. Que não aproveita a chance de ver o filho nascer, de ver a carreira deslanchar, de poder sentar num café e mandar um e-mail rapidinho pra um amigo que não vê faz tempo. Porque era muito mais romântico mandar cartas. Mas o romantismo não estava no papel e sim no que ia escrito nele. Porque hoje eu tenho um monte de celulites, mas antes eu achava lindo usar suquíni. Porque hoje as amizades não são mais tão verdadeiras, mas será que você está se esforçando para ser amiga como se esforçava antes?

Enfim, claro que gosto de lembrar de bons momentos, como quando passei no vestibular ou quando fiquei com meu atual marido a primeira vez. Mas não acho que lembrar do passado deva ser a parte mais divertida da vida de ninguém. Porque hoje a gente tem que fazer as boas lembranças de amanhã. De outra forma, daqui a pouco vamos começar apenas a lamentar o que deixamos de viver.

Um comentário:

Karin disse...

Da única coisa que sinto saudades é que, naqueles verdes anos, eu não tinha conta p/ pagar. E só. O resto que tenho é confusão mental. Que ora passa, ora vem.

Bissous!