Imoral, ilegal ou engorda.

Eu sempre encarei a ditadura da beleza como um fenômeno mercadológico, mudanças que existem para as empresas venderem mais. Mais roupas, mais maquiagem, mais produtos para emagrecer, mais remédios. Mas talvez a raiz seja um pouco mais cultural. Talvez a raiz cultural seja a negação do direito a ser feliz, como se apenas que se sinta constantemente culpado seja certo. Digo. Sabe aquela coisa católica e ocidental de tudo ser pecado? Em um mundo em que (quase?) todos são pecadores compulsivos, que parecem nem ligar pra isso, o comando das ações ainda é da culpa. Estava lendo agora a pouco sobre um comercial de lingerie plus size que está criando polêmica nos EUA.



Pois é né. Alguma coisa pior do que já foi visto em filmes? Alguma coisa mais escandalosa que Victória Secreets? Sabe qual é o problema aqui? São pessoas reais que parecem felizes com a vida que tem. Elas comem e ainda querem se sentir bonitas e desejáveis. Parecem não se privar de nada. E na cabeça média isso é um tremendo pecado. Sabe-se lá se na vida real estas modelos estão se sentindo tão bem consigo próprias quanto aparentam no comercial (assim como nos das modelos magras). Mas vai que as pessoas reais comprem a ideia e começam a achar que têm direito a se sentir bem? A deixar de sentir toda a culpa do mundo por gostar de bolinhos, de moda e de sexo. Deve ser uma grande falta de educação não sentir culpa por nada.

Quanto a mim, não tenho este desprendimento todo da cultura ocidental e católica na qual estou inserida até o pescoço. Não consigo ser este poço de segurança do comercial. Até porque a modelo só não é magrela, mas tem um corpo todo certo. Ainda estou pensando na dieta que devo começar amanhã e com culpa pelo brigadeiro de ontem. Vai entender as mulheres.